"I'm through accepting limits
'Cuz someone says they're so
Some things I cannot change
But till I try, I'll never know!"
Quando eu comecei a "crescer", andava olhando para o chão, com os ombros curvados, como querendo me esconder de algo. Esconder-me dos que os outros podiam está falando de mim, sempre tinha impressão de que estavam e eu me importava muito com isso, a opinião alheia. "Porque essa menina já tem peito grande com 10 anos?", "Esse cabelo que ela nunca solta, que feio", "Porque ela se veste que nem um menino?"
No começo dessa fase de transição, da minha vida de criança, para a aborrecência (como a minha mãe dizia), a temida pré-adolescência, eu tentava de todas as formas me esconder do mundo, fazer tudo certo para que não me chamassem a atenção, não direcionando os olhares pra ninguém, escondendo os seios que já eram fartos, quando ninguém os tinha, com roupas de menino. Eu tinha medo, era isso... Muito medo de tudo. De errar, de passar vergonha, de deixar de ser sempre a corretinha, melhor aluna da turma, queridinha da mamãe e etc...
Mas essa era a fase das descobertas, de tudo novo, de passar pra quinta série e estudar de tarde, a vida tava ali na janela pedindo pra eu ir com ela, me divertir um pouco mas eu sempre escolhia ir pelo caminho mais certo, pela porta que é melhor rs. Fico tentando puxar na memória para lembrar quando tudo mudou, e como eu sou hoje e tudo que eu fui antes, é tão diferente daquela garotinha tímida, medrosa, insegura, certinha que eu fui um dia. Mas com certeza foi aos treze que tudo começou a mudar... Parece clichê, por causa do filme, mas eu acho que é exatamente nessa faixa, para as pré-adolescentes normais, que tudo começa, é ai que tu escolhe qual caminho seguir e quem se tornar.
Foi aos treze que eu dei meu primeiro beijo, aos treze que eu pintei meu cabelo de vermelho depois decidi alisar, foi aos treze que eu bebi pela primeira vez e peguei meu primeiro porre, foi aos treze que beijei pela primeira vez uma garota, foi aos treze que eu decidi virar skatista, trocar as blusas completamente fechadas, por decotes e alcinhas, eu adorava o contraste das blusinhas e bermudões. Comecei a achar legal ser olhada, uma menina andando com um skate na mão, como olham... Criei postura para ter equilibrio, e valorizar o que Deus tinha me dado rs. Foi então que eu apertei o play, junto com o foda-se!
As pessoas riem quando eu digo que já fui skatista, emo, patricinha, micareteira, pagodeira e principalmente, a certinha rs, deve ser porque hoje em dia eu pareço ser uma pessoa tão normal, que resolver fugir dos rótulos, na verdade eu acho que eu cresci... Porque quando a gente começa a virar "gente", vemos o quanto é legal ser diferente, fazer parte de uma tribo, tu começas a ter noção de que tu não queres ser só mais um, no meio de tantos iguais...
A minha vida podia ter sido completamente diferente, eu podia ter continuado trancafiada no meu mundo com meu medo junto com os meus livros e agora está sendo uma garota brilhante, sem dificuldades nem uma para passar no vestibular, mas eu decidir pular a janela e não me arrependo disso! Uma coisa que eu sempre digo, pra que saber tooda a teoria, se tu não souberes a prática? A vida não é igual aos livros, aos romances que eu lia. Eu tenho uma certeza, aprendi muito mais com a vida do que com esse monte de conteúdo que eles querem enfiar na minha cabeça.
E dai se hoje eu não sou a queridinha, a certinha... Pelo menos eu aprendi a dizer "E DAI?!" e VIVER!